O PT
vive hoje um momento decisivo e não é um mero bordão afirmar o caráter
definitivo das escolhas que estamos por fazer, que prefiguram o destino do
Partido. O que estamos decidindo agora é
se seremos capazes de recriarmos o nosso Partido para enfrentar os desafios
ainda mais complexos e graves que se apresentam hoje para nós, ou se
continuaremos nos repetindo indefinidamente, tornando-nos cada vez mais
parecidos com aquilo contra o qual lutamos tanto para nos diferenciar ─ um
partido tradicional, subsumido na ordem conservadora, quando não legitimador
dela.
É
inegável que o PT tem uma história notável e fulgurante: a nossa geração de
militantes criou, em plena crise do socialismo real, na periferia do sistema
capitalista, em um país governado por uma ditadura, um partido de esquerda que
rompeu com a tradição elitista da cultura política brasileira e com a cultura
autoritária da esquerda, à época, assumindo a democracia sem que para tanto
tivesse que renunciar ao seu compromisso com a igualdade.
Mais:
o PT, nos governos locais e regionais que dirigiu com os seus
aliados progressistas, foi capaz de radicalizar a forma e o exercício da democracia,
transformando as experiências de combinação da representação institucional com
a participação direta da cidadania, em referenciais mundiais, reconhecidas até
pelos organismos internacionais.
Todo
o capital cultural, experiência organizativa e energia política que acumulamos
nesse período de afirmação do PT, permitiu-nos resistir e reagir ao modelo de
globalização neoliberal, bem como lançar, com o governo Lula, as bases de um
projeto nacional que recuperou a nossa soberania, retomou o papel organizador do
Estado no desenvolvimento e permitiu a inclusão de milhões de brasileiros,
criando milhões de empregos no campo e na cidade, bem como oportunidades para
todos os setores da sociedade brasileira.
Podemos
hoje afirmar que esse ciclo de desenvolvimento com inclusão, liderado por Lula durante
oito anos e agora conduzido por Dilma, realizou-se da melhor forma possível,
considerando os marcos institucionais em que estava inscrito e os limites impostos
pela crise da economia global. E, ensina-nos a História, quando um processo sócio-político
se realiza, exige ser superado, no sentido de que precisa ir além de si mesmo,
transformar-se para preservar as suas melhores virtudes e propor outras, reconstituir-se
para responder às novas exigências sociais e ao novo tempo político.
Não
será possível a qualquer governo do PT e às nossas bancadas, em qualquer nível,
bem como tornará difícil para os movimentos sociais portadores de valores e
causas com as quais nos identificamos ─ dos mais tradicionais, como os
sindicatos, aos mais fluidos e alternativos, como as redes sociais e as novas
formas de comunicação digital ─ recuperar relevância social e reconhecimento político
sem que o nosso Partido, a partir do PED, seja de fato e imediatamente refundado.
A “refundação” não é mera figura de
retórica ou dramatização da política, pois é uma exigência histórica para que o
PT, aqui e agora, assuma com a lucidez, coragem e determinação que no passado
já revelou ter, a aventura intelectual, política e ética de se auto-recriar.
Esse processo implica em realizar uma ampla e profunda reforma democrática
interna, cultural e organizacional; em criar mecanismos para fortalecer as
correntes internas de opinião, gerando uma nova dinâmica que resgate a tradição
do debate teórico-político, ao qual renunciamos em nome do pragmatismo; em
assumir o protagonismo que precisa ter para orientar os governos e
parlamentares que elege e protegê-los da rendição à governabilidade, só como
fim em si mesma.
A recriação do PT implica também em reinventar
a sua relação com a sociedade, em propor aos movimentos tradicionais um novo
contrato, que não pode se fundamentar na concessão irrestrita ao corporativismo
economicista. E envolve a redefinição da relação do Partido com os sujeitos desse
novo mundo fragmentado da revolução tecnológica em curso, especialmente na
esfera da comunicação ─ repactuação que não se fará simplesmente mediante
concessões à subjetividade alienada, mas criando condições para que as opiniões
e posições desses novos atores se justifiquem na cena pública e contribuam para
gerar novas formas de sociabilidade democrática. Por fim, a nossa reconstrução envolve
o estabelecimento do diálogo com os partidos, sindicatos e movimentos do nosso
campo, de outros países ou globais, que hoje compartilham das mesmas perplexidades
e dilemas do PT.
A “refundação” é o ponto de partida de um processo capaz de recuperar e
elevar a um novo patamar político, a vocação do PT para ser um partido de
massas e um partido dirigente, espaço de elaboração e centro de articulação de
um projeto democrático e popular com hegemonia da esquerda, referência e
inspiração para as organizações e movimentos comprometidos com a construção de uma
nova ordem mundial.
O PED é a oportunidade de promovermos esse debate e de elegermos uma
direção capaz de liderar e ser a fiadora desse processo de refundação. Direção
que, além de ter capacidade para promover a repactuação interna, tenha talento
para, transcendendo os estreitos limites do Partido, criar condições para um
amplo diálogo com os setores que constituem a nossa base política original, com
os novos segmentos sociais que emergiram na cena política com os avanços dos nossos
governos, bem como com os sujeitos vinculados organicamente às transformações
atuais nos campos do saber e do fazer, na cultura contemporânea, na ciência e na
tecnologia, com especial ênfase no inadiável e inarredável diálogo com a
juventude.
Apoio a Mensagem ao Partido e a
candidatura do Deputado Paulo Teixeira à Presidência Nacional. Estou confiante
de que podem liderar as forças partidárias na recriação do Partido, que precisa
reafirmar os seus compromissos, atualizar o seu programa, ter maior clareza estratégica,
recuperar a sua memória e criar um novo horizonte utópico. Queremos dar sentido
ao que fazemos, para que sejamos dignos da nossa História e legítimos portadores
de um futuro de mais igualdade e mais democracia.
Tarso
Genro.
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