quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Última Carta

Ah muito que não escrevo aqui, falta me coragem para dizer o que sinto, principalmente depois do último email que recebi, foi como se aquela cegueira do livro do José Saramago aparece derrepente, uma angústia que a expressão "fica bem!" pudesse aliviar, aliás foi esta mesma expressão a última que ouvi de tua boca, antes de partir, e acho que pra nunca mais voltar. E como esquecer, tirar da cabeça aquilo que o coração ainda sente, venho disfarçando os meus dias, as estrelas sumiram do céu a noite, e parece que toda aquela simbologia que tinhamos fosse se dissipando como uma grande fumaça branca. As vezes, eu paro e me pergunto, se ainda continuo "eternamente responsável por aquilo que cativo"? As vezes me questiono se eu o cativei de verdade, e não fui somente cativado.
Como uma história que enfrentou a distância, o tempo, as dificuldades, quando estabelece um contato mais direito e franco se dissipa? Mas não vou buscar as respostas, apenas escreverei a última carta, a carta do ponto final, com a pena do friso indígena, que macula minha história e retrata minha opção que tanto aprendemos em meio aos jovens, que como nós queriam uma civilização de amor.
Preciso escrever esta última carta como forma de expressar o que ainda sinto, mesmo sabendo que um arquipelago te espera, e surpreendido em saber que tão repentinamente mudaste o teu destino, foi como disse outra vez, o vento está te levando para longe de mim.
Sei que nada mais posso fazer, nem escrever, sumiram as palavras, assim como vem sumindo meus cada dia minha esperança de um tudo, e olhe que não sou pessimista, apenas me deparando com a frieza em que a realidade nos coloca em certos momentos. Um dia a gente prometeu rezar um pelo outro, para que a gente nunca perda a nossa missão, ainda não a perdi, mas estou prestes a desistir dela.
Mais até hoje tenho a certeza que quando naquela tarde chuvosa, eu perguntei "Nós nos conhecemos?" tive a certeza de te conhecer muito mais que a mim, e a nossa história reflete isso, nos momentos mais dificeis estivemos juntos. Agora quem sabe na outra vida?
Eu continuo aqui a esperar que o vento pare de soprar, mas acho que ainda so me resta escrever, enfim escrevi o capítulo final daquela que não tem final feliz.

Um comentário:

  1. Chefe! CARPE DIEM.
    Não esquece.. 'Os pássaros da mesma plumagem procuram voar juntos.'

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