Há uma década os museus eram espaços praticamente esquecidos pelas
políticas públicas culturais, identificados, muitas vezes, de uma
perspectiva “elitista”, distante das comunidades. Poucos recursos eram
investidos em sua infraestrutura, na manutenção de seus acervos, na
elaboração de programação e estudos de pesquisa e público. Salvo raras
exceções.
Após uma gestão do Antropólogo José do Nascimento Júnior, que
reestruturou o Sistema Estadual de Museus no Rio Grande do Sul, entre
1999 e 2002, que criou-se a carta de Rio Grande, naquela cidade, foi
elemento que trazia a reivindicação do setor museal por políticas
públicas, o Antropólogo José do Nascimento Júnior, assume a Diretoria de
Museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em
2003.
A partir deste ano surge o “nascimento de um legado” que o Sr. José
do Nascimento Junior em prol da museologia brasileira, ao qual
constituiu uma Política Nacional de Museus, o Plano Nacional Setorial de
Museus, definindo estratégias para cada uma das especificidades que
compõem os museus, os Fóruns Nacionais de Museus, que estabeleceram uma
integração e construção participativa do setor museal brasileiro, os
editais de fomento com a ampliação em 1.000% dos investimentos na área
museal, que obtinha poucos recursos para a sua efetivação de manutenção e
investimento, a implantação dos pontos de memória, que ampliou o
diálogo com as comunidades, a ampliação dos cursos de graduação e
pós-graduação em museologia, e por conseguinte, as publicações, formação
necessária para atuação em nosso setor, a aquisição de mais de 75 mil
bens culturais para os museus do Ibram, fortalecendo a salvaguarda do
patrimônio brasileiro, e a própria criação do Ibram, instrumento
fundamental para fomentar as ações museais, e do Estatuto de Museus, lei
que permite determinar um regramento sobre seu funcionamento, criando
uma cidadania institucional. Apenas para citar algumas destas conquistas
tão relevantes.
Hoje o Brasil é conhecido e reconhecido mundialmente por sua atuação
nos museus, criando oportunidades, conceitos, indicativos e instrumentos
culturais que permitem diagnosticar com bastante clareza a realidade
dos museus de nosso país. O Sistema Brasileiro de Museus, através do seu
conselho gestor, é o exemplo dessa construção que foi fundamental para
que o Ibram chegasse e oportunizasse acesso de recursos e informações as
mais longínquas casas de memórias deste país.
Neste ano, vai acontecer, ainda, a Conferência Geral do ICOM, importante debate internacional sobre a construção museal, e outros projetos e programas elaborados com o objetivo de consolidar os museus em seu papel social e estratégico para a memória, como o Plano Nacional de Educação Museal (PNEM). Assim, o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), o qual se referendou e consolidou uma ferramenta indissociável para elaboração, formatação, difusão, preservação e pesquisa de instrumentos e políticas públicas para o setor museal.
Neste ano, vai acontecer, ainda, a Conferência Geral do ICOM, importante debate internacional sobre a construção museal, e outros projetos e programas elaborados com o objetivo de consolidar os museus em seu papel social e estratégico para a memória, como o Plano Nacional de Educação Museal (PNEM). Assim, o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), o qual se referendou e consolidou uma ferramenta indissociável para elaboração, formatação, difusão, preservação e pesquisa de instrumentos e políticas públicas para o setor museal.
A trajetória do Nascimento como Presidente do Ibram, teve valiosa
importância para a cultura do País no que diz respeito ao setor dos
Museus, ao longo dessa década o Sr. José do Nascimento Junior, empenhou
esforços para que os museus tivessem uma nova atuação frente à cultura,
seu mérito foi sempre primar pela construção participativa, envolvendo
diversos profissionais de museus, estabelecendo diálogos e respeitando
as identidades desse Brasil meridional, demonstrando que a memória é
elemento de construção de direitos humanos individuais e coletivos,
ratificados na experiência onde cada um elabora o seu entendimento sobre
a vida, com criatividade, com arte, com história, com memória, como
ponte que une o passado ao presente, projetando um futuro de uma
sociedade.
Desta forma quero deixar registrada a relevância da atuação de José
do Nascimento Junior, frente a esta autarquia federal, o qual cumpriu
com méritos e louvor, uma importante etapa da construção museal
brasileira. Um legado de trabalho e dedicação que mostra o compromisso
de um país mais justo e igual para todos nós.
A preservação das nossas memórias através dos museus é a esperança de
ler e reler nossos patrimônios, nossas simbologias, nossos
significados, nossa sociedade, para que a imaginação sempre possa ser
instrumento de tradição, contradição e principalmente de reflexão do
nosso cotidiano.
Joel Santana da Gama é historiador/ Pós Graduado em Educação em Direitos Humanos e Coordenador do Sistema Estadual de Museus do Rio Grande do Sul
*Publicado originalmente no Jornal Sul 21
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