sexta-feira, 24 de julho de 2009

Reponte: Patrimônio Cultural Imaterial de São Lourenço do Sul

O Reponte da Canção, festival criado em 1985 em decorrência das festividades do centenário do município, ocorrido inicialmente no Ginásio Municipal Nedilande Vargas Corrêa, obteve imensa aceitação da comunidade e dos artistas, tanto que já na sua segunda edição, foi construído um Galpão de castaneiras e santa fé, de chão batido e tesouras inteiras de eucalipto junto ao Camping Municipal.

Na 15° edição do festival ganhou sua primeira gravação com os vencedores das etapas anteriores, na 17° edição dividiu-se em duas linhas, a campeira e manifestação riograndense conhecida por livre, e na 22° edição começou a receber composições em língua estrangeira. Hoje na 25° edição evidencia-se como uma das principais referências da música nativista no estado do Rio Grande do Sul. Este festival reúne milhares de pessoas de todos os cantos do estado, e atualmente projeta-se a nível nacional e internacional, inclusive com apresentações latinas em seus palcos.

São Lourenço do Sul é o palco do Reponte, e trabalha através da municipalidade e comunidade, ações que efetivem esta manifestação cultural com elevado destaque. Um exemplo disto é o projeto de lei n° 3081 datado de 23 de junho de 2009 que acaba de ser aprovado na Câmara de Vereadores, que institui o Festival Reponte da Canção como Patrimônio Cultural e Imaterial do município de São Lourenço do Sul, tal ação visa a preservação histórica, a sua continuidade e ressalta a sua importância cultural para o desenvolvimento econômico da comunidade lourenciana.

A Prefeitura Municipal de São Lourenço do Sul, como forma de estabelecer e ratificar este festival nativista como instrumento cultural do estado, encaminha ao IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado) a referida lei para que o Reponte se torne ao mesmo tempo patrimônio cultural imaterial do estado. Outro exemplo é a criação do Memorial do Reponte, que começa a ser elaborado pela Coordenadoria de Cultura do município, para que esta história não se perca e fique exposta para as futuras gerações no Museu Histórico da cidade, ou seja, o legado nativista deste festival.

A identidade do Reponte se confunde com a história local, que carrega em si aspectos dos costumes e da tradição da terra de todas as paisagens, revelando novos cantores, compositores e músicas inesquecíveis, bem como ressaltou o poeta e músico lourenciano Mário Freitas ganhador do II Festival com a canção Peão das Águas onde dizia que “[...] o rio grande não é feito só de pampa, de coxilhas e de matas, e de gados. Tenho aqui minha parelha de canoa, sou gaúcho da lagoa [...]”.

As canções apresentadas no Reponte são retratos da tradição que continua a contar a sua história e a sua arte no relato do cotidiano pampeiro e dos costumes em que o campesino forja a sua vida. Uma vertente que ultrapassa os doces mares da Lagoa dos Patos e traz há um galpão muito mais que um simbolismo tradicionalista, mas sim a cultura gaúcha em sua essência. Os interpretes das canções, cantam seus hábitos e sua lida no campo, as saudades que sentem, a história que construíram, cantam seus amores e seus temores, e exprimem em versos e palavras os verdadeiros sentimentos ao qual compõe este festival, canção e emoção.

Reponte da Canção, a mão que toca o ouvido e o coração.


Joel Santana
Assessor de Memória e Patrimônio
Casa de Cultura de São Lourenço do Sul

Publicado no Jornal Gazeta Regional em 10/07/09 – Página 02
Publicado no Jornal Primeira Hora em 16/07/09 - Página 02

Nenhum comentário:

Postar um comentário