Ao longo desses dias, acho que por conta da intensidade de muito de tudo, de correria, de agitação, de pressa, de hora, de cronogramas... Enfim, dessa aceleração do cotidiano que nos imputa a ver os dias cronologicamente, marcando espaços, tempos e lugares numa desconformidade que turva nosso olhar para o que é essencial, para a essência...
Por isso o muito, precisa um pouco mais de pouco, de muito pouco na verdade, de calma, de silêncio, de ócio, de sentimento, para poder entender que a poesia da vida, só vai ser entendida, traduzida, significada, representada com reconhecimento de si, do outro e do mundo... Sem essa esquizofrenia diária de seguir permanentemente regramentos e horários, que como uma venda nos cega para aquilo que é importante e invisível ao olhos.
Tudo isso que nos cativa, nos encanta e nos comove não pode e não deve ser interpretado às pressas, na balburdia de um ímpeto, na prática de um senso comum voraz que nos conjugue num verbo simples e instantâneo. Quero a complexidade, e que o gestual singelo possa ser mais um instrumento para poder interpretar o que está invisível aos olhos e não ao coração... Desbravar a poesia, é como aceitar a desfiar a si, a tentar entender com o que e o porque da relação com o outro, que não é o outro eu, mas aquele diferente de mim, que pensa e sente disforme e não desigual, por que compreende e pronuncia seus contextos de mundos, a partir daquilo que o forjou, assim como a mim.
E é esse pouco que pode nos ajudar a pensar no muito, da importância desse muito, da referência desse muito, da existência desse muito, para que de fato, respeite, que o pouco, de tempo, de espaço, de momento e de reflexão são imprescindíveis para se fazer muito, alias muito mais do que mais...
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