A sociedade vem sofrendo grandes e profundas transformações, essas mudanças se caracterizam nos modos de vida, nos saberes e fazeres populares, na elaboração e formulação de conceitos nos espaços de conhecimentos, nas interações com as novas tecnologias, nos protagonismos dos movimentos culturais, enfim, num multiculturalismo com um amplo e diverso contexto de significações e abordagens.
A esse multiculturalismo, perpassa a construção das identidades coletivas e individuais, da garantia de contextos, da salvaguarda da memória, da exemplificação da estética, da ética, do simbólico, do resignificado, da cidadania cultural, das associações e diassociações, da economia da cultura, e de outros processos que constituem e instituiem, ou deveriam instituir nossa política, e principalmente nossa intervenção cultural.
Assim a cultura, se apresenta como um desafio contemporâneo a nossa sociedade, a um anseio que ultrapassa o sentido de lazer e de entretenimento, mas de auto-afirmação, de espaço de educação não formal, de reafirmar a pluralidade de pensamentos e opções, de garantir difusão e fruição da nossa produção de bens culturais, do nosso registro de testamento e testemunho da sociedade, tornando-os um ser mais crítico e atuante, forma esta, expressada das mais diversas linguagens construindo assim, um discurso acerca de nossas tipologias e concepções culturais.
Esses desafios nos fazem pensar a dimensão das atividades humanas, e nos remetem a prospectar novas possibilidades que incidam efetivamente na construção de políticas públicas para a cultura, assim como vem acontecendo no processo cultural brasileiro nos últimos oito anos do Presidente Lula, e que esperamos que continue avançando com o Governo Dilma, na consolidação do vale-cultura, no fortalecimento das instituições, das oportunidades de fruição e de acessibilidade das mais diversas linguagens, na criação de mecanismos de observações sobre dados estatísticos e econômicos, na geração de emprego e renda.
No RS, o momento é proprício ao debate cultural, depois de anos de sucateamento por governos neoliberais, o estado que tem o menor orçamento da cultura do pais com apenas 0,07%, problemas estruturais e de pessoal nas instituições culturais, e um baixo indice de envolvimento nas temáticas das linguagens artísticas pelo interior do estado, volta a repensar seu papel na sociedade como elemento fundamental para o estado crescer, trazendo debates e uma conferência que unem comunidade, ativistas, intelectuais, produtores e gestores para concertação de alternativas para a difusão cultural.
Nós da Esquerda Democrática, acreditamos que este é um momento de atuar nessa cruzada cultural em prol do desenvolvimento de políticas para as mais diversas linguagens, enfatizando novas visões e encaminhamentos que prppiciem a emancipação dos individuos, mas que ao mesmo tempo compreenda a dimensão artistica, a cidadania e a economia, como uma tridimensionalidade que oriente nossas ações.
A Esquerda Democrática, enquanto corrente que dialogo com a participação coletiva, e que tem em seus bojos, retratos de um debate amadurecido, precisa incorporar a importancia da participação tambem de seus gestores, na afirmação da institucionalização desse processo de pertencimento e de reconhecimento no outro, de que seus saberes e fazeres, são acima de tudo, a expresão dos aprendizados acumulados de seus antepassados, e também a intervenção da contemporaneidade, formando-o assim, um ser único, atuante, diverso e singular, que se expressa e representa um modo de saber e de fazer as coisas, ou seja, uma manifestação cultural que simboliza os valores e costumes de nossas sociedades.
Joel Santana
Diretor do Museu Julio de Castilhos