O pecado original da área educacional é tratar o conhecimento como se existisse a possibilidade de transferi-lo, como se transfere vinho da garrafa para o copo.
Porém, conhecimento não se transfere, mas se constrói; o futuro do aluno depende menos de quem sabe e mais de o que ele mesmo vai fazer para aprender. A industrialização do processo educacional foi influenciada pela filosofia Taylorista; em geral, os governos são considerados responsáveis por preparar, em grande escala, cidadãos e profissionais capazes de sustentar a economia do futuro.
Por questões logísticas, desenhou-se um modelo para dividir o problema em partes: por idade, por ano, por matéria, por sala, por região. Assim, foi abafada a individualidade do desenvolvimento intelectual, procurando um difícil equilíbrio entre ensinar a todos e respeitar o ritmo de cada um.
Fatalmente, entre seguir o programa e atender às peculiaridades de cada aluno, o professor não tinha opção. A padronização da aprendizagem começou: “sente, escute, anote, até a próxima”. Isso acomoda o aluno numa postura passiva e as escolas, em vez de formar profissionais e cidadãos pró-ativos, formam espectadores.
Paradoxalmente, enquanto as corporações modernas evoluíram para modelos organizacionais mais flexíveis e abertos a sugestões, como o sistema japonês de produção, boa parte dos sistemas de ensino têm dificuldade em evoluir.
Acontece que os alunos-internautas são hoje os principais atores da mudança. Por não aceitarem mais o status quo, eles se tornaram instigadores de novas práticas.
Por Romain Mallard
Nenhum comentário:
Postar um comentário