terça-feira, 24 de novembro de 2009

A Pomerânia é Aqui

Como uma geração de pescadores, de um peixe chamado arenque, pode contar a história e a saga de dois povos em países distintos? Foi isso, que Jairo Scholl Costa, Assessor de Cultura do município de São Lourenço do Sul, em seu romance “O Pescador de Arenques” fez. Contar parte de uma imigração que colonizou São Lourenço do Sul, que retratou a história de um porto, de onde atracavam inúmeras embarcações, levando e trazendo especiarias, e que revelou como poucos os encantos dos que aqui chegaram e se deparam com esta terra.
Também cultivou, como todos os bons romances, as histórias de amores e as tradições vindas da antiga Pomerânia, suas dificuldades e suas alegrias no momento da chegada a nova terra. O Mar Báltico que interfaz a trama, como elemento determinante da nova tomada de rumo dos personagens e embarcações.
Igrejas e sua organização, em especial na formação da colônia, com a instabilidade que o processo lhe acarretava. A culinária e a relação familiar demonstra mais aspectos desta história contada minuciosamente pelo autor, que interpôs em diálogos muitos dos medos e credos que surgiram com o desenrolar da trama. Fazendo autocríticas dos próprios personagens em momentos históricos importantes como a Reunificação da Alemanha por Bismarck e a Revolução Industrial.
Uma saga envolvente, que mostrava aspectos naturais da região, medidas climáticas e geométricas, interagindo até sociedades secretas no desenvolvimento da colônia. As guerras, também forjaram o fundo desta história, e exemplos de dedicação e perseverança não faltaram, assim como as fatalidades, e suas dores que latejavam volta e meia ao coração de Peter Kampke.
A escravidão de um negro, e a obstinação por sua libertação, em meio a uma tribulação e tempestades para que o que antes fosse apontado com uma utopia, virasse verdade, é outro ponto forte do livro. Enfim uma aventura transcendental de um povo que do seu esforço construiu sua própria história.
Por todo este contexto, o livro “O Pescador de Arenques” merece ser lido e relido, como instrumento de estudo, que conta e reconta a história de pomeranos e lourencianos que aqui estiveram e estão na terra de todas as paisagens e de inúmeras histórias.
E como diz o filho do autor Gregory Weiss Costa na contracapa do livro “Algumas sagas só não são maiores do que os homens que participam delas.”

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