Começou na quinta-feira, 18 de fevereiro, o IV Congresso do Partido dos Trabalhadores. Convocado para discutir centralmente as diretrizes do Programa de Governo, a tática eleitoral e para oficializar a pré-candidatura petista à Presidência da República em 2010.
Neste congresso, haverá alguns símbolos importantes, o principal e maior deles, será a definição de Dilma Rousseff como nossa candidata, pela primeira vez na história do PT ou das últimas eleições presidenciais, não será Lula o nosso candidato.
Outro símbolo importante será uma maior presença de jovens nas delegações. Se por um lado foi baixa ou quase inexistente a participação da juventude nas chapas que concorreram ao Diretório Nacional no último PED, por outro, é inegável que nas instâncias municipais e estaduais tem início um processo de renovação dos quadros partidários.
No entanto, maior presença de jovens na delegação do congresso e nas instâncias não significa automaticamente a entrada do debate sobre o papel da juventude no partido e no país. Inclusive porque um dos mecanismos da opressão geracional se dá justamente a partir da reprodução da opressão pelos próprios jovens, ao ter de negar sua condição juvenil assim que conquista e ascende nos espaços de poder.
Nesta perspectiva, um dos grandes desafios que os jovens petistas terão neste congresso é fazer com que a sua presença física se converta em força política que convença o conjunto do partido de que o nosso projeto de desenvolvimento para país, ou incluí com centralidade os jovens, ou será incompleto.
Elementos para esta disputa estão disponíveis hoje como nunca estiveram antes. Temos um conjunto significativo de dirigentes do partido e do governo preocupados e comprometidos com este debate, existem pesquisas e estudos demonstrando o peso social, econômico e político que a juventude tem na sociedade brasileira.
No entanto, nossa principal ferramenta, tem sido a capacidade demonstrada pelos jovens petistas de produzir e formular políticas. Exemplo disso, é o texto aprovado pelo Encontro Nacional da Juventude do PT, realizado entre os dias 05 e 07 de fevereiro, e que figura entre as propostas de resoluções para o IV Congresso (veja aqui).
A educação, o trabalho e o desenvolvimento nacional são os eixos que estruturam a proposta da JPT. Para nós, se as conquistas obtidas nos dois mandatos do presidente Lula são imensas, dado o tamanho do déficit de políticas sociais no país, é necessário irmos além no governo Dilma.
A juventude brasileira é um dos seguimentos mais interessados num conjunto de reformas estruturantes, como as reformas política, da educação, urbana, agrária, tributária, dos meios de comunicação entre outras. São as mudanças que fazemos agora que permitirão mais e melhores condições para esta e para as próximas gerações.
O que defendemos é que os jovens pobres e das periferias tenham as mesmas condições e oportunidades de desfrutar sua juventude e suas potencialidades, que hoje, só os filhos dos ricos tem. Portanto, o que necessitamos é de mais presença e ações do Estado.
Nesse sentido, o terceiro mandato do PT deve aprofundar a implementação de políticas de juventude, com o necessário fortalecimento da Secretaria e do Conselho Nacional de Juventude, combinadas com reformas estruturais, para que se possa atenuar a ausência de políticas de juventude ao longo da história do país, situação agravada com o avanço neoliberal da década de 90.
É preciso combinar o desenvolvimento de políticas públicas emancipadoras com a participação de jovens na construção de ações que resolvam problemas estruturais, como o analfabetismo, o trabalho infanto-juvenil, entre outros temas, que possibilitem o surgimento de uma nova geração política, envolvida com os grandes temas nacionais.
Com essa perspectiva, que o texto da JPT não defende ações pontuais ou compartimentadas, para nós, as políticas voltadas aos jovens devem estar inseridas e integradas num conjunto de ações estruturantes e universais. É desta forma, no nosso entender, que passamos a olhar a juventude brasileira como ator estratégico do desenvolvimento nacional.
E é assim, na relação dialética entre discutir o geral e o específico, que queremos que o IV Congresso do PT afirme que agora é a vez da juventude.
Eduardo Valdoski
Membro da Executiva Nacional da Juventude do PT
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