Por Jéferson Assumção - Secretário de Estado Adjunto da Cultura
A colorida e populosa Dacar, capital do Senegal, sediou, de 6 a 11 de fevereiro, mais uma edição do Fórum Social Mundial. Foram centenas de atividades, realizadas na Universidade Cheikh Anta Diop e arredores e que tiveram como marca principal a visibilidade do atual momento político dos países do norte da África. Começou com a queda do presidente da Tunísia e terminou com a do Egito. Do início ao fim do evento, a África esteve no centro das atenções, não só no FSM, mas do mundo todo. O Fórum estava no lugar certo na hora necessária. Mas e agora? Para onde ele vai?
O futuro do FSM só se definirá em maio, em Florença, quando o Conselho Internacional do FSM se reúne novamente. Mas desde já se alinhava que o esforço das organizações será no sentido de equilibrar a memória do processo x mundialização do Fórum. No caso de Porto Alegre, a cidade poderá ser anunciada como uma espécie de sede permanente do FSM. Se assim for definido, a cidade terá um papel na manutenção da memória - com um memorial relativo aos dez anos de FSM - e de força política - sediando o escritório do FSM, que há dez anos fica em São Paulo. Também, ao que tudo indica, a capital gaúcha encabeçará as edições dos anos pares, relativas a temas do FSM.
A idéia, apresentada pelo conselheiro Oded Grajew na reunião do Conselho Internacional,dias 12 e 13 passados, é de que o primeiro evento nesses moldes aconteça no final de janeiro de 2012, nas datas do Fórum Econômico Mundial, de Davos. Seu tema serão as mudanças climáticas e antecipar á as discussões que ocorrerão na Rio + 20 em 2012 no Rio de janeiro. Caso ganhe as proporções que se espera, Porto Alegre se candidata fortemente a capital do FSM. A experiência porto-alegrense é de sobra suficiente para tal.
Desde 2010, com o Fórum Social Mundial Dez Anos Grande Porto Alegre, se desenha esta vocação. Naquele ano, 50 mil pessoas participaram das atividades em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapiranga, Dois Irmãos e outras cidades, demonstrando uma articulação inédita de municípios em torno de uma edição do FSM. O sucesso daquele evento foi fundamental para este novo papel da capital gaúcha e as cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre.
Para esta volta do Fórum, tem sido fundamental a articulação política realizada entre governo estadual e municipais, Estado e sociedade. Na última semana, uma delegação do Rio Grande do Sul (integrada também pelo secretário do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Marcelo Danéris, e pelo assessor internacional Tarson Nuñes) levou ao Fórum de Dacar duas cartas: uma assinada pelos movimentos sociais, outra, pelo governador Tarso Genro, prefeitos e chefes do legislativo gaúcho e da capital. Os documentos mostram uma articulação fundamental que dá tranqüilidade a quem aqui se reunir. Frente às muitas dificuldades de organização em outros locais, Porto Alegre é sempre lembrada, não apenas como uma cidade onde o processo se iniciou, mas como cidade que sabe, como nenhuma outra, abraçar o FSM. Quem sabe se, desta vez, como sede permanente?
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