O secretário Assis Brasil assinou a portaria no qual a biblioteca do Museu passa a ser denominada Biblioteca Aurélio Viríssimo de Bittencourt, em homenagem ao papel histórico relevante desenvolvido pelo referido jornalista e secretário do governo de Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros.
Este é um reconhecimento proposto pela nossa gestão, a partir de diversos debates com agentes culturais, que evidencia um papel de um negro letrado em um período histórico bastante complexo.
Conheça uma breve biografia de Aurélio Viríssimo de Bittencourt
Aurélio nasceu em Outubro de 1849 na cidade de Jaguarão/RS, filho de uma escrava liberta, Maria Julia da Silva, e de um Capitão da Armada, Hypólito Simas de Bittencourt, foi batizado na Matriz local como exposto, filhos de pais incógnitos. Evidencia-se assim uma relação consensual entre um militar que participava da constante tarefa de vigiar a fronteira sul do Império brasileiro e uma ex-escrava.
Após passar a infância ao lado de sua mãe, na cidade natal, Aurélio mudou-se para Porto Alegre, onde passou por um breve período de educação. Na capital da Província, ele trabalhou como tipógrafo, jornalista e fundou com outros jovens intelectualizados a Sociedade Partenon Literário, militou pelo abolicionismo e ingressou no serviço público como amanuense (copista, escrevente ou escriturário). A Sociedade não serviu somente para divulgar textos, poesias, contos ou ensaios de seus colaboradores.
Entre outras iniciativas, seus integrantes criaram a escola noturna gratuita (1872-1885), um museu e uma biblioteca própria, que chegou a ter mais de 6.000 volumes, alforriaram escravos, encenaram peças teatrais, propagaram os ideais abolicionistas e republicanos, assim como instituíram a pesquisa bibliográfica, resgatando o registro de lendas e tradições Sul Rio-Grandenses. Segundo Guilhermino César, a entidade agregou prosadores, poetas e homens de teatro, dando-lhes oportunidade de aparecer em conjunto, através de ruidosas manifestações (CESAR, 1956. p.49)
Além disso, ao longo da vida, Aurélio demonstrou profundo sentimento mistico, sendo figura assídua do associativismo religioso local, membro de mesas diretoras de irmandades e ordens terceiras.
O burocrata, devoto, abolicionista, literato, tipógrafo Aurélio Viríssimo de Bittencourt era um indivíduo negro, ou pardo (segundo seu atestado de óbito) ou preto segundo artigo escrito por Borges de Medeiros nas comemorações realizadas em seus cem anos de batismo, em 1949.
O funcionário público, de carreira, Aurélio Viríssimo de Bittencourt, com sua reconhecida eficiência e fidelidade, foi o Secretário do Governo de Julio Prates de Castilhos e Antonio Augusto Borges de Medeiros. Gozando de afeição pessoal do primeiro citado.
Referência Bibliográfica:
Arquivo Histórico do RS. Política e Poder nos Primeiros Anos da República: A Correspondência Entre Julio de Castilhos e Seu Secretário Aurélio Viríssimo de Bittencourt. Porto Alegre. Edicpucrs. 2009.
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