quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Stela relembra a política de choque tucana

O prometido “choque de gestão”, pelo qual se caracterizaria o governo de Yeda Crussius, acabou virando a “gestão do choque”, no caso, da Tropa de Choque, da Brigada Militar.
Mais uma vez, na quinta-feira (16), o governo reapresentou sua truculência à sociedade, impedindo, pela primeira vez em mais de 30 anos de abertura democrática, manifestantes de chegarem à frente do Palácio Piratini. As cenas que se seguiram, foram de empurra-empurra, gente ferida e, até mesmo, dois membros do parlamento gaúcho tratados como se ninguém representassem: um foi ferido, o outro, empurrado.
O que mais chamou a atenção da mídia, naquele dia, foi o enfrentamento entre as polícias civil e militar, em São Paulo. Que nos sirva de alerta: um enfrentamento deste nível só não aconteceu aqui, até agora, apenas por duas razões: 1) A Polícia Civil não entrou em greve; e 2) não resolveu fazer uma caminhada até o Palácio. Porque, se resolver, pelo estilo da Governadora e de seu Comandante Geral da Brigada Militar, a cena de São Paulo será repetida aqui em Porto Alegre.
Tanto essa afirmação chocante é verdadeira, que basta verificar o histórico dos últimos quase dois anos, de criminalização, enfrentamento, brutalidade e uso de força contra os movimentos sociais e sindicais. Já apanharam, em frente ao Palácio Piratini, sem-terras, professoras e funcionários públicos. Como eles não têm bombas de gás, nem armas, a situação termina sem revide. Essa situação gerou, inclusive, denúncias que foram encaminhadas ao Ministério Público e à Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal.
Os integrantes da “Marcha dos Sem” sentiram o peso dos cacetetes do Coronel Mendes, porque queriam chegar à frente do Palácio para, democraticamente, realizar sua manifestação. O mesmo motivo pelo qual os policiais civis de São Paulo foram repelidos pela Polícia Militar paulista. Não há qualquer diferença, a não ser, o de localização geográfica.
Senão, vejamos: ambos os conflitos começaram pela mesma razão - impedir os protestos de chegar à frente do Palácio do Governo. Ambas as atitudes, revelam a mesma faceta: anti-democrática, intolerante, que tolhe direitos e garantias fundamentais como o ir e vir. Ambas as situações, revelam um modo de pensamento, de governo, de gestão de estado e de compreensão sobre como lidar com a diferença, que certamente não prima pela democracia.
É importante frisar o que se pode tirar de lição de situações como essas. A primeira, diz respeito à forma como autoridades que representam o poder de coerção do estado precisam agir. Seguramente, elas não podem se negar ao diálogo e devem manter o controle – o que nem sempre acontece por aqui – porque o contrário disso, representa um perigo para toda a sociedade.
A segunda lição, é que o tipo de intransigência que representam esses atos não pode conviver com o estado democrático. Colocam-se na condição de “inimigos públicos”, setores com diferença de opinião. Estabelece-se uma falsa “marca” para aqueles que querem manifestar sua contrariedade, como os que “desejam o conflito”. Um debate, aliás, que aparece até mesmo no cenário eleitoral da capital. Os protestos são a expressão de um estado que não está respondendo à altura do que deveria. A possibilidade de realizá-los é um fundamento democrático, que as autoridades – especialmente as policiais – deveriam não apenas respeitar, como fazer respeitar.
Os movimentos sindicais, até pela absoluta negativa do governo em estabelecer o diálogo, acabarão reforçando seus protestos para o próximo ano. Uma greve da polícia civil, em todo o País não está descartada. Já se fala em um movimento nacional de solidariedade com os policiais de São Paulo. Ou re-estabelecemos o diálogo e o respeito aos movimentos, ou assistiremos, passivamente, repetir-se o cenário de horror da capital paulista, em plena Praça da Matriz.
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Contribuição feita pela Deputada estadual Stela Farias (PT)

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