sexta-feira, 18 de maio de 2012

Hoje é Dia de Museus

Museus em um mundo em transformação: novos desafios e novas inspirações.
Simone Flores Monteiro

Como cidadãos devemos refletir sempre sobre as transformações que ocorrem a nossa volta e que de alguma maneira tem conseqüências diretas e ou indiretas nas nossas vidas. E, mesmo para aqueles que não refletem, as conseqüências acontecem. Nessa perspectiva e ainda com a certeza de que os museus são espaços de reflexão da realidade e ferramentas que contribuem para a transformação da sociedade, é que o tema de 2012 do Dia Internacional dos Museus, 18 de maio, é “Museus em um mundo em transformação: novos desafios, novas inspirações”, que é também o tema da 10ª Semana Nacional de Museus, promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus, numa iniciativa de mobilizar os museus para o diálogo mais intenso com as comunidades, para proporcionar mais do que um encontro com os objetos e experimentos, mas uma comunicação tridimensional que se converta num instrumento de câmbio intelectual e social.
O primeiro desafio para os museus é estarem atentos as transformações rápidas, sem perderem o foco na preservação, na investigação e na difusão, com um compromisso social mais intenso com as necessidades da sociedade. Este é um processo difícil, onde os museus precisam por meio da investigação compreender o significado social dos objetos individuais, como os objetos podem chegar a fazer parte de uma coleção e por fim como as coleções adquirem um significado social. E, ainda, serem também instigantes e inspiradores para potencializar suas funções educativas e culturais.
Compartilho da afirmação de Kenneth Hudson, que na atualidade todos os museus, independente da tipologia, são, em maior ou menor medida, museus de história social, no sentido em que tudo o que possuem e expõem tem implicações sociais. É indispensável que todo o trabalho esteja imerso nas questões do entorno social, o que facilita a comunicação. Ao mesmo tempo, Mario Chagas diz que todos os museus são ou podem ser de Ciências, pois a ciência não está na coisa, no objeto, no espécime, ou seja, no acervo. A ciência está na relação, na dialética, o que para mim também é verdadeiro.
O mundo em transformação exige que os museus sejam espaços para as relações, para as trocas culturais e sociais. Que eles atuem como plataformas de comunicação e que novas e muitas conexões se deem por meio dos museus. Que sejam conectores espaciais e temporais, conectando tempos, pessoas e grupos sociais diferentes. Que estabeleçam redes, possibilitando diferentes agenciamentos sociais.
Entretanto, o maior desafio é tornar os museus locais de encantamento, sem se transformar em museu espetáculo, resultado de uma cultura pós-industrial, fragmentada e consumista. Ao se encantar, ao viver uma emoção, o conteúdo, a mensagem, a ideia é assimilada e compreendida e gera novas inspirações.
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Simone Flores Monteiro - Coordenadora de Projetos Museológicos do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS. Assessora Técnica do Sistema Estadual de Museus do Rio Grande do Sul.

Fonte: Revista Museu

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