A aparente sisudez do ex-presidente do estado, Júlio de Castilhos, escondia um lado romântico e poético. Esta faceta da personalidade do mito da história gaúcha foi encenada pelos atores que vivem na Casa do Artista Riograndense, no inicio da noite dessa segunda-feira (30) no pátio do Museu Júlio de Castilhos, que completa 109 anos.
Júlio de Castilhos era romântico e poético- Foto: Roberto Schmitt-Prym |
A homenagem emocionou o público presente no pátio do museu. Com direção de Marcelo Restori, os atores encenaram trechos das cartas escritas por Júlio de Castilhos para a sua amada, Honorina da Costa. Para solidificar a imagem de mito e heroi, muitas das biografias do ex-presidente excluíram seu lado mais humano refletido no romantismo. Júlio de Castilhos e Honrina trocaram cartas por três meses antes de casarem em 17 de maio de 1883.
Após a apresentação o secretário de Estado da Cultura, Assis Brasil, recordou suas visitas desde criança ao museu e sua admiração pelas relíquias ali abrigadas. “O valor histórico já começa pelo prédio de 1890. Me impressionava o retrato a óleo do imperador, a sua majestade. E também as urnas indígenas e o setor da Revolução Farroupilha. Hoje vemos que o museu está precisando de uma atenção, decorrente de longo tempo sem investimento, sem conservação. Lembro o gostoso cheiro de cera dos assoalho, hoje carcomidos pelos cupins. Isso dói. Mas, eu prometo que vamos fazer alguma coisa por este museu. E já vislumbramos mudanças por meio de convênio firmado com o Ministério da Cultura. E este espetáculo que assistimos agora me deixou comovido. E ainda mais entusiasmado a fazer, também, alguma coisa pela Casa do Artista, eles merecem”.
Atores da Casa do Artista aplaudidos no jardim do Museu Júlio de Castilhos- Foto: Roberto Schimitt-Prym |
“O museu Júlio de Castilhos é fundamental para a vida museológica do Rio Grande do Sul, não só por ser o primeiro, mas porque de algumas de suas coleções nascem equipamentos importantes que forjaram a identidade dos gaúchos. Como a sua coleção de botânica, de onde nasceu o museu da Fundação Zoobotânica, de sua coleção de arte que gerou o inicio do acervo do Margs e de seus arquivos o Arquivo Histórico do RS. Hoje trabalhamos com o conceito de cidadania cultural em nossas exposições, para que novos grupos se empoderem deste museu e se sintam parte dele e construam conosco esta nova etapa”, disse o diretor da instituição, Joel Santana.
O presidente da Casa do Artista Riograndense pediu a palavra para agradecer a oportunidade e lembrou que a entidade precisa da ajuda de todos. “Agradecemos a oportunidade de trazermos nossa arte aqui para representar a histórica. De certa forma invadimos este espaço com arte e esperamos fazer isso em outros lugares também”.
Atores da Casa do Artista Rio Grandense e fala do Diretor do Museu Julio de Castilhos Joel Santana - Foto: Roberto Schmitt-Prym |
109 anos de história e memória
EM 30 de janeiro de 1903, o então Presidente do Estado, Antônio Augusto Borges de Medeiros criou a primeira instituição museológica do Rio Grande do Sul, o Museu do Estado. Seu acervo abrangia artefatos indígenas, peças históricas, obras de arte, coleções de zoologia, botânica e mineralogia. O novo nome surgiu 1907, como homenagem ao ex-presidente do Estado, Julio de Castilhos.
Em reconhecimento à sua importância, enquanto instituição museológica mais antiga do Rio Grande do Sul, o acervo do Museu foi inscrito no livro Tombo de Belas Artes da Subsecretária do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1937.