domingo, 29 de janeiro de 2012

Espaço História, Memória e Verdade do Mercosul Lançado no Memorial do RS

A Ministra Chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário e o secretário de Estado da Cultura, Assis Brasil assinaram o protocolo de intenção para criação do Espaço História, Memória e Verdade do Mercosul. O evento ocorreu na noite desse sábado (28), no Memorial do RS, dentro da programação do Fórum Social Temático e contou com a presença do Secretário de Direitos Humanos da Argentina, Eduardo Luis Dahalde, o Secretário-Executivo do Arquivo Nacional da Memória Histórica da Argentina, Carlos Lafforgue, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti, Lilian Celiberti, ativista uruguaia, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos e  Frei Leonardo Boff.
O secretário Assis Brasil, que representou o governador Tarso Genro, lembrou a prisão de um amigo no período da ditadura. “A memória pode ser nosso cárcere, mas também pode ser nossa libertação. E só trazendo a memória é que nós vamos entender o que nos acontece hoje”, lembrou. “O povo brasileiro tem uma espécie de horror ao drama. Talvez isso nos tenha causado mais dificuldades e mais problemas do que nos tenha feito bem. Possivelmente esse horror ao drama que fez com que uma geração inteira resolvesse esquecer o que aconteceu durante a ditadura militar. Nós temos que voltar atrás sim, para entender o presente e projetar o futuro”.
Maria do Rosário  ressaltou os avanços do Brasil e da América Latina na questão dos direitos humanos: “Quero agradecer o trabalho conjunto que o governo da presidenta Dilma com o governo da presidenta Cristina Kirchner tem desenvolvido pelos direitos humanos, pela integração entre os nossos povos, tanto no âmbito da memória, verdade e justiça, quanto na transformação da agenda do Mercosul cada vez mais em uma agenda social e de direitos humanos”.
Para Adão Villaverde, estabelecer a verdade acerca do período ditatorial e tentar reparar as injustiças feitas buscando que as mesmas não se repitam é de extrema importância. Também salientou a importância do espaço para as gerações que não tiveram contato direto com a ditadura: “É fundamental resgatarmos a memória para a nossa juventude, para aqueles que não conviveram naquele período”.
“A cidade de Porto Alegre está completamente engajada nesse resgate da memória. Até hoje temos companheiros desaparecidos. Até hoje, pais choram pelo sumiço de seus filhos. E por isso é importante que nós resgatemos essa memória, busquemos a verdade”, falou o prefeito de Porto Alegre , José Fortunatti, destacando que a ditadura merece repulsa por todos.

Carlos Lafforgue colocou o acervo de seu arquivo à disposição para a comunidade do Mercosul, ressaltando que já digitalizaram mais de 4,8 milhões de cópias de trabalhos. Eduardo Duhalde falou sobre a construção democrática: “Não é possível construir uma democracia forte com base na impunidade e na mentira”.
Leonardo Boff deu seu depoimento sobre a época da ditadura, falando, entre outras coisas, sobre seu livro: “Eu havia escrito um livro proibido, não pelo Vaticano, mas sim pela polícia. Que a nossa democracia ganhe um rosto humano”. Lilian Celiberti falou sobre o fato de a tortura atacar a dignidade humana e tratou da memória como uma construção coletiva a partir de memórias individuais. “Não queremos vingança, queremos a verdade, para reparar essas vítimas. A ditadura atacou não somente militantes políticos, atacou todo um povo”, concluiu.
Os participantes do encontro visitaram também a exposição sobre o tema que se encontra no  espaço do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.

Texto: Asscom Sedac

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